Bonzinho X Competente

Praticamente todo mundo conhece alguém muito gente boa. Daqueles que estão sempre com sorriso no rosto e dispostos a parar para conversar e ouvir o que você tem a dizer. Em ambientes tão competitivos quanto os encontrados nas corporações, em que nem todos se dão ao trabalho de dizer ao menos bom dia, encontrar alguém assim tão disposto a ser relacionar de forma harmônica pode ser um golpe de sorte.

Ou não, se a figura de bom moço ou boa moça for justamente para disfarçar a falta de capacidade de entregar resultados. A cultura brasileira favorece a manutenção dos "gente boa" pouco produtivos. Isso porque somos acolhedores por essência. "Fulano é tão gente boa que não dá para brigar com ele". Brigar não devemos mesmo com ninguém, mas cobrar resultados e dar feedback mesmo quando negativo devemos para com todos.

Sem dúvida que as competências comportamentais são de extrema relevância e respondem por mais de três quartos das demissões sem justa causa. A questão é não confundir competências comportamentais como proatividade, resiliência, comunicação assertiva, percepção do outro, com apenas um sorriso no rosto.

Veneno oculto


Aquele que vem, traz um café ou um docinho depois do almoço, pergunta como foi seu fim de semana é muito bem vindo desde que não seja só isso. Quando esse perfil não entrega as tarefas no prazo, vive dando desculpas evasivas como estou providenciando ou estou esperando fulano que ainda não me deu retorno e histórias semelhantes, esse colaborador pode estar sendo muito mais nocivo do que se imagina.

Além de tomar o lugar de alguém produtivo, ele pode atrapalhar toda a cadeia em que está envolvido, bem como, em alguns casos, virar o jogo em cima de quem cobra dele as obrigações não feitas. É como se o outro fosse alguém "do mal" ou perseguidor, pegando no pé da pobre vítima sorridente.

Por isso atenção ao seu colaborador ou colega muito "gente boa" nunca é demais. Será que ele está realmente harmonizando o grupo ou abrindo um enorme precedente para a não entrega de resultados e, com isso, influenciar no crescimento da empresa em médio prazo? O quando alguém cuja contribuição para o todo se dá somente na superficialidade é realmente gente boa? Simpatia e gentileza são características essenciais em qualquer profissional e devem fazer parte dos quesitos requeridos pela empresa. Mas sozinhas não sustentam nem o próprio colaborador, muito menos a empresa.

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