Contratamos mal


Recentemente participei da contratação de um síndico profissional no condomínio em que moro. Qual não foi a minha surpresa do pouco apreço e cuidado da maioria dos envolvidos nesse processo. Como coach e consultora nas áreas de Gestão de Pessoas e Comunicação, previ que, além da análise das propostas, uma entrevista pessoal e de profundidade com cada candidato e, no mínimo, um teste de personalidade seriam relevantes. Do grupo todo envolvido consegui poucos aliados. Para a grande maioria, olhar o preço das propostas já seria suficiente. Será que é um caso à parte?

Creio que não, que é o reflexo da maioria das contratações que boa parte das empresas e pessoas fazem durante toda a vida. Na minha percepção é com essa superficialidade que são escolhidos os governantes e também os empregados, principalmente das pequenas e médias empresas. Com pressa e de maneira superficial. E arrisco dizer que hoje, com os cortes – nem sempre inteligentes - de custos, algumas grandes também entram nesse esquema.

Como o foco são as empresas, vamos nos ater a elas. Primeiramente é importante derrubar o mito de que contratar é custo. Contratar é investimento, pois evita diversos outros gastos posteriores. Tenham certeza que lidar, mesmo por um breve período de tempo, com um funcionário que não corresponde, ou seu processo de substituição implicam em gastos – financeiro e emocional – maiores do que ser cuidadoso e criterioso na contratação.

Existem excelentes métodos, ferramentas e profissionais habilitados, mas, desta vez, quero dar um passo atrás de toda essa ciência. Isso porque, de nada adianta todo esse requinte se a empresa efetivamente não sabe o que quer. Não conhece sua missão, sua visão, seus valores e sua cultura. E mais: quer contratar alguém para que, em um ou dois meses, resolva lacunas que não foram deixadas pelo profissional que saiu, mas que são reflexos da falta de identidade da própria empresa.


Mais do que ferramentas, quem é você?


Que valores regem a sal vida e a gestão da sua empresa? Ao fazer essa pergunta certamente a maioria dos empresários responderá com clichês como ética, qualidade, responsabilidade etc. No Coaching temos ferramentas que trabalham com o subconsciente dos empresários e buscam seus verdadeiros valores. Na quase totalidade das ocasiões eles não condizem com a resposta da pergunta do início do parágrafo. E são, com esses valores guardados no subconsciente mas expressados nas atitudes do dia a dia, que a empresa é regida. Daí tanta incoerência entre o discurso e a prática. É o caso do empresário que fala em transparência mas reage de maneira agressiva quando confrontado ou pressionado a dizer algo que – mesmo não sendo informação confidencial - quer esconder. E lança mão dos mais variados argumentos para justificar que não está deixando de ser transparente, que a tal situação é um caso "especial".

E quando falamos em missão e visão então? As respostas costumam ser mais evasivas ainda, até mesmo porque boa parte das declarações de missão, visão e valores ou são tiradas da internet ou não passam de um quadro decorativo na parede. Você sabe qual a verdadeira missão, o propósito da sua empresa? Ganhar dinheiro boa parte deve dizer. Se é só isso, você não se incomodaria em mudar agora para um ramo bem mais lucrativo – como atuar no mercado financeiro – mesmo que isso não lhe trouxesse nenhum prazer ou sentido, certo? E qual a sua visão, aonde você quer chegar e qual a viabilidade desse seu sonho?

Se nem ao menos esses quesitos que formam a identidade, a base da cultura de uma empresa, muitos empresários não sabem, não tem muita certeza ou nem pensam nisso, como é possível trazer para o time alguém que esteja em consonância com eles? Ser criterioso, detalhista e técnico na contratação demonstra excelência em gestão e apreço pelos investimentos financeiros. Saber verdadeiramente quem é a sua empresa – sua missão, sua visão e seus valores - e agir de acordo com essa identidade antes de sair por aí contratando e recontratando demonstra que você nasceu para crescer e permanecer grande.

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