A educação financeira nas empresas

As empresas não estão acostumadas a fornecer educação financeira para seus colaboradores. Em recente pesquisa sobre treinamento corporativo no Brasil publicada pela ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, o tema Educação Financeira nem faz parte dos assuntos considerados relevantes pelas organizações para desenvolvimento de seus funcionários. “E nem deveria ser”, defendem alguns especialistas, por ser uma questão íntima e pessoal.

Será? Não vejo desta forma. Mesmo se analisarmos de maneira bastante genérica e apenas vendo o lado das empresas, o investimento em educação financeira seria positivo. Afinal, são esses mesmos brasileiros que foram pouco preparados para administrar seu próprio dinheiro que tomam conta dos orçamentos das empresas. Poucos aprendem em casa.  A classe média passa a gerir efetivamente suas finanças depois do diploma universitário. Alguns nem isso. Outros poucos começam a aprender nas escolas a entender e lidar com o dinheiro, mas apenas aqueles que estudam em escolas mais modernas e sistêmicas. Falar em dinheiro com crianças é pecado. Mas produzir adultos que se perdem com as finanças e vivem endividados não é.

Voltando para a questão das empresas. Em médias e grandes organizações cada área tem seu orçamento, que costuma ser administrado pelo gestor da área. Alguns têm em mãos centenas de milhares ou até milhões de reais para utilizar durante o ano. Muito estouram as verbas ou as gastam de maneira pouco inteligente.

Podemos ir mais longe: profissional com problemas financeiros sente-se pressionado e produz menos, ou produz mal. Alguns, em casos extremos, podem ficar até mais vulneráveis a tentações. Quem gerencia mal suas finanças corre o risco de ser seduzido pelo imediato como o dinheiro de uma indenização.

Envolvimento da família


Lembro de um caso em que atuei em uma empresa cujos operários constantemente buscavam negociar sua saída. Iam para empresas próximas por valores irrisórios a mais. Precisavam da indenização porque estavam endividados. Um ou dois anos depois viviam a mesma situação na outra empresa e buscavam voltar. Minimizamos o problema com um programa de educação financeira que se estendeu para a família.

Isso porque de nada adianta uma voz sozinha na família sabendo lidar com o dinheiro, bem como de nada adianta uma voz – ou uma área – sozinha na empresa – para lidar com as finanças de maneira consciente. Vale ressaltar que nem sempre os próprios departamentos financeiros o sabem. Alguns focados apenas na máxima de gastar menos, acabam fazendo as chamadas “economia sem inteligência” – deixam de gastar em um momento para gastar muito mais posteriormente. É a confusão entre gasto e investimento.

E indo mais a fundo, quem sabe gerir bem o seu dinheiro costuma depender menos da empresa. Falo de empréstimos consignados e até mesmo de constantes pedidos de aumento de salário sem justificativas ou legais ou sem base em mérito

Ainda há dúvidas do retorno sobre esse investimento?

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