Protagonismo – um caminho sem volta

A reforma da Previdência – que independentemente de concordarmos ou não – se torna cada vez mais próxima de se realizar, bem como todos os projetos ligados a mudanças nas leis trabalhistas mostram que estamos em um momento de profunda ruptura nas relações de trabalho. A questão é se estamos nessa mesma ruptura em relação à nossa mudança de visão e comportamento em relação à nossa vida profissional.

Cada vez mais dependemos de nós mesmos. Passa a ficar a nosso cargo a gestão da nossa carreira, a percepção da nossa força de trabalho como um produto e que, como tal, precisa ser planejado e vendido.

Precisamos agora entender de finanças. Não adianta mais não querer. Se torna imperativo para definir como será o seu futuro quando não puder mais trabalhar. Pagar a previdência pelo teto agora não é mais suficiente, e talvez nunca tenha sido.

Medo do desconhecido


Todas essas mudanças têm gerado forte sensação de medo, principalmente naqueles que se dedicaram ao modo mais tradicional de carreira: atuaram em uma grande empresa por décadas. A segurança e os altos cargos, invejados e enaltecidos pela família nos encontros de domingo, podem agora não ter mais sentido, caso esse profissional tenha sido um dos milhões de demitidos nos últimos anos, situação comum entre altos executivos.

Se esse profissional teve uma vida cautelosa focada na prevenção pode estar mais preparado para enfrentar esta mudança de maneira mais lenta, supondo-se que tenha mais reservas e gaste com mais prudência. Mas talvez lhe falte a habilidade em conviver com o risco. Se foi seduzido pelo cargo e pelo consumismo ditado pelo universo social em que estava inserido, precisará de mais velocidade na mudança de visão e de atitude.

Isso porque, tudo em relação à carreira que o profissional terceirizava para a empresa – gestão e aposentadoria por exemplo -  tende a terminar. Até porque, os empregos de longo prazo vêm desaparecendo em todas a áreas.

A terceirização de cargos e de serviços chegou justamente para terminar com outra terceirização: a da gestão da carreira. Como assim? O que nós transferíamos para as empresas e para o governo, eles passam a devolver para nós: plano de crescimento e pé de meia para a velhice.

Com o crescimento dos pequenos empresários e consultores por circunstância e necessidade e não por vocação, essa mudança de postura precisa ser drástica e pode ser muito dolorosa. Quem se acostumou a ser figurante na determinação dos rumos de sua carreira – esperando oportunidade ser dada pela empresa – de repente precisa ser personagem principal e criar o próprio roteiro. Agora o mesmo acontece em relação às suas finanças, tanto pela reforma da Previdência quanto pelas mudanças nas leis trabalhistas que devem vir na sequência. A matemática detestada por tantos na época da escola se faz mais necessária do que nunca: tanto para economiza quando para aprender a investir. Quem não gosta, se quiser tranquilidade no futuro precisará mudar de opinião.

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