Não precisa ser perfeito. Basta ser honesto


Em uma reunião social em um passado recente, um episódio que poderia ser corriqueiro para muitas pessoas me fez parar para pensar. Cheguei a uma confraternização entre amigos ligeiramente mais quieta do que o normal (ou seria menos falante? Depende do ponto de vista). Uma das convidadas, que até então tinha pouca proximidade comigo, notou uma leve diferença no meu comportamento e veio me perguntar se estava tudo bem.

Agradeci o interesse e fiz um comentário superficial que estava um pouco preocupada com imprevistos financeiros e com algumas relações pessoais que estavam tomando rumo diferente do esperado, mas que era uma questão momentânea e que dali a pouco tudo voltaria ao normal. Não voltou. Isso porque a resposta dessa pessoa, que hoje além de cliente é também minha amiga, mudou alguns paradigmas para sempre.

Ela me olhou e disse: “pensei que todos os coaches fossem milionários e não passasem por problemas pessoais”.Em uma fração de segundo, a tendência foi pensar que aquele comentário seria uma crítica. Mas quando ela continuou o raciocínio, percebi como o significado era completamente diferente. Ela disse: “então você é gente como eu e como os outros. Eu imaginava que os coaches fossem uma categoria à parte da humanidade, pois eles nunca têm problemas e parecem estar constantemente nadando em dinheiro”. A fala dela não parou por aí: “eu sempre tive vontade de ter um coach, mas diante de pessoas tão perfeitas, eu pensava em como elas iam tratar minhas dúvidas, minhas limitações, se iriam me entender de verdade ou se eu me sentiria intimidada.

Perfil “fake”


Esse simples episódio me fez pensar por alguns dias sobre as posturas que vemos em alguns consultores, coaches, profissionais de treinamento e até de executivos de outras áreas. Máquinas de eficiência, com fórmulas mágicas, soluções para tudo e vida perfeita em todos os aspectos.

Hoje penso: quem acredita e compra essa falácia? Esse monte de mentiras que alguns consultores contam sobre o sucesso de sua vida pessoal e financeira. Estendo o comentário além dos profissionais liberais, chegando a executivos, diretores, CEOs e cargos semelhantes em grandes empresas. Há muita gente bem sucedida sim, e desejo que isso se estenda a todos. Mas é sempre bom lembrar que a perfeição não existe. Graças a Deus, pois ela é chata e limitante.

A função, ou o sentido da vida, é o aprendizado constante. Cada um dando o melhor de si dentro das condições existentes naquele momento, mas sempre com a consciência do aprendizado e do esforço contínuo para que amanhã seja melhor do que hoje. Aprendo muito com os meus clientes, talvez eles não se dêem conta disso.

O principal aprendizado é o de que a honestidade vale muito mais que uma imagem de sucesso construída muitas vezes sobre bases artificiais. A medida não é a comparação com o outro, mas consigo mesmo, de onde você saiu e aonde você chegou, ou está chegando, dentro das condições que teve e dos ambientes pelos quais passou. A melhoria contínua é uma construção conjunta e de confiança mútua, que só acontece quando as partes são transparentes e adoravelmente imperfeitas.


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